

Aprovação de Lula entre beneficiários do Bolsa Família cai, revela pesquisa Quaest
A popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu uma queda significativa entre os beneficiários do Bolsa Família, segundo a nova pesquisa Genial/Quaest. Entre dezembro e março, a aprovação do governo nesse grupo despencou 12 pontos percentuais — de 66% para 54%. Já entre os não beneficiários, a queda foi de 47% para 39%, uma diferença de nove pontos.
No mesmo período, a desaprovação ao governo subiu 12 pontos entre os beneficiários (de 32% para 44%) e oito pontos entre os demais (de 51% para 59%). A pesquisa tem margem de erro de dois pontos percentuais e nível de confiança de 95%.
Um dos principais fatores por trás dessa mudança de humor é o aumento do custo de vida, especialmente com a inflação dos alimentos, que pesa mais no bolso dos mais pobres. Apesar do crescimento do PIB, da renda e do emprego, como já dizia a economista Maria da Conceição Tavares: “o povo não come indicadores”.
Outro dado importante revelado pela pesquisa é a mudança na percepção sobre os programas sociais. A tradicional associação entre benefícios e apoio automático ao governo parece estar se desfazendo. Muitos brasileiros passaram a enxergar esses programas como direitos garantidos, não mais como favores concedidos por um presidente — o que enfraquece o apelo eleitoral que o Bolsa Família já teve.
A pesquisa mostra ainda que 70% dos entrevistados não temem perder os benefícios sociais após a saída de Lula do poder, enquanto 25% demonstram esse receio. A preocupação é maior entre as mulheres (30%) do que entre os homens (21%). Também é mais acentuada entre famílias com renda de até dois salários mínimos (32%), em comparação a apenas 22% entre os que ganham mais de cinco salários mínimos.
Quando analisado o recorte político, a diferença é ainda mais expressiva: 40% dos eleitores de Lula em 2022 temem perder os benefícios sem ele no poder, contra apenas 11% dos que votaram em Jair Bolsonaro.
Religião também influencia a percepção. Embora católicos e evangélicos tenham a mesma taxa de apoio aos programas sociais como direito (51%), o medo de perder esses benefícios varia: 27% dos católicos expressam essa preocupação, ante 20% dos evangélicos.
Vale lembrar que não apenas o PT utilizou o Bolsa Família como vitrine eleitoral. Durante sua gestão, Bolsonaro rebatizou o programa como Auxílio Brasil e também o explorou politicamente. O recado é claro: qualquer presidente que assumir o comando do país terá que manter esses programas sob o risco de perder apoio popular.
Apesar de os programas sociais estarem cada vez mais consolidados como políticas de Estado, os dados indicam que muitos brasileiros ainda vivem sob o temor de retrocessos. Curiosamente, os beneficiários parecem ter mais razões para temer o julgamento social dos que não recebem o auxílio do que as ações diretas dos governos.